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terça-feira, 2 de abril de 2013

02 de abril - Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Diferente do que muitas pessoas pensam, o autismo não é uma doença, mas sim um distúrbio de desenvolvimento que surge geralmente nos três primeiros anos de vida de uma criança. Esse distúrbio permanece por toda a vida e o perfil dos autistas é a introspecção e falta de relacionamento com o próprio mundo, dificuldade no domínio da linguagem e comportamento restritivo e repetitivo.

Existem diferentes graus do autismo, desde os mais leves, onde o indivíduo não tem sua fala e inteligência afetadas, e chega aos graus mais elevados, onde o autista apresenta reações violentas e até mesmo retardo mental.

Muitos familiares lutam para quebrar a barreira do autismo e conquistar um sorriso ou carinho de um filho, parente ou amigo e muitas vezes a incompreensão com o estilo de vida do autista acaba tornando-o em uma pessoa excluída de meios sociais.

Mas aí entra o trabalho de ONGs que atuam com a terapia assistida por animais. Este importante trabalho, muito comentado aqui no Click Pata, atua de maneira paciente e perseverante, utilizando os animais como canal para conquistar a confiança de crianças e adultos autistas e proporcioná-los experiências de troca de carinho, brincadeiras e interação com os cães, que são seres sem preconceitos e cheios de amor.

O trabalho com cães terapeutas é fruto de anos de pesquisas e pode ser utilizado não só em casos de autismo, como em hospitais, asilos e até mesmo em trabalhos de disciplina e reabilitação. Os resultados da terapia com animais já são comprovados, e o trabalho já é reconhecido em proporções mundiais.

Existem muitos casos bem sucedidos após o trabalho com animais, um deles é a história do Daniel com a cadela Luana, que inclusive foi fator propulsor para o início da ATEAC, ONG do interior de São Paulo que trabalha com a terapia assistida por animais.

Conheça a história de Daniel e Luana, escrita por Fabiana Parajara e publicada no site da ATEAC.

Daniel, Luana e a ATEAC
Daniel e Luana - foto de Juan Esteves

















Até a chegada de Luana, a casa da bióloga Silvia Jansen só tinha conhecido dois cães, um casal de cocker spaniel. Mas eles eram do tipo temperamental, daqueles que adoram a presença dos donos mas não fazem questão de brincadeiras. Luana, como qualquer labrador, era o oposto. Presente de um amigo, o filhote exigia atenção e afagos de todos – sem se contentar com um não. E o “não” vinha normalmente de Daniel, na época com 27 anos. Daniel, que tem síndrome de Asperger, um espectro do autismo que se caracteriza por falta de habilidades de comunicação e interação social,não confiava em cães ou seres humanos. “A Luana não se conformava. Ela vinha lamber, empurrar a mão para colocar a cabeça embaixo”, lembra Silvia. “Devagar, o Daniel percebeu que a cachorra gostava dele, diferentemente de muita gente, que o evitava”.

Esse afeto trouxe, a princípio, pequenas melhoras: o rapaz ficava mais calmo, dormia mais facilmente. Em seguida, a autoestima aumentou e despertou o interesse de Silvia pela assistência com animais. Ela foi atrás de exemplos no Brasil e no exterior e de um adestrador que pudesse treinar a cachorra. Com o treinamento certo, Luana tornou-se cada vez mais próxima de Daniel, a ponto de ajudar a controlar crises com lambidas e brincadeiras. A aproximação foi tão grande que Daniel passou a estudar com ela a seus pés. Formou-se em biologia e, na hora do mestrado, em ecologia marinha, quem estava lá? “Foi com a Luana que ele treinou a apresentação da tese e teve condições de enfrentar o público.”

Juntamente com a evolução de Daniel, a Ateac foi concebida e cresceu. Silvia dividiu seu conhecimento, atraiu voluntários bípedes e quadrúpedes. Atualmente cerca de 1000 pessoas são atendidas mensalmente, entre autistas, deficientes físicos e mentais, crianças e adultos internados. Da experiência de Silvia com autistas, ela diz que até hoje uma única menina autista mostrou-se resistente à assistência por animais. “Ela até começou a interagir com um cachorro da raça boxer, mas o voluntário desistiu do trabalho e a paciente retrocedeu”, diz Silvia.

Esse é um dos grandes desafios para a Ateac. “Os voluntários realmente comprometidos têm um imenso valor. Eles sabem que esse compromisso é essencial para não prejudicar o trabalho e a evolução dos pacientes, e exige deles estar no atendimento sempre no dia e na hora combinados, como qualquer terapia convencional”.

Outro grande desafio é ter terapia assistida por animais regulamentada e protegida por leis. Hoje, mesmo cães-guia de cegos ainda enfrentam dificuldades de acesso a todo tipo de local. Em muitos países, cães de trabalho já são comuns e plenamente aceitos, podendo frequentar escolas e qualquer lugar em que seus donos precisam estar.

No caso de Daniel, que passou em um concurso público e trabalha, poderia ser interessante ter a companhia do animal para ter mais segurança – e o exemplo se aplica a milhares de outros autistas. No entanto, isso ainda não é permitido. Sem contar o preconceito que ainda é muito forte em relação a quem tem qualquer necessidade especial.

Terapeutas por excelência
Luana, que inspirou a criação da Ateac, também mostrou à Silvia que cães das raças labrador e golden retrievers são terapeutas por natureza. “Obviamente, outras raças e vira-latas também podem ser treinados, basta ser um cachorro dócil e totalmente permissível”, diz Silvia. Na Ateac, hoje, trabalham poodles, border collies, lhasa apsos, collies, shith tzus, berneses, labradores, boxers, vira-latas e outros. “Cavalos também apresentam ótimas respostas em terapias. Mas, a disponibilidade é menor, porque não podem ser levados a qualquer lugar e é mais fácil se levar o paciente até eles”, afirma Silvia. “O importante é estabelecer uma relação entre o paciente e animal”.

Como, infelizmente, cães, cavalos ou outros bichos têm uma perspectiva de vida menor que a de seres humanos, a experiência da perda, por mais difícil que seja, é importante também para os pacientes. “Eles já começam a entender e trabalhar a morte”. Foi o que aconteceu com Luana, vítima de câncer no ano passado. A doença dela apressou a decisão de trazer um novo animal para a casa da família. O golden Theo é hoje a principal companhia de Daniel e continua a tarefa de ajudar o dono.

Fonte: ATEAC

#clickpata

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria ! Excelente !
    Abraços
    Aline Silveira

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